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Resenha: A Garota Que Eu Quero - Markus Zusak

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A HISTÓRIA 

Cameron Wolfe sabe que não é como os outros. Ele não é popular, bonito ou esportista como nenhum dos irmãos mais velhos. Ele não tem amigos na escola e prefere não conversar muito. Entretanto, nenhuma dessas coisas importa muito para Cam. Desde que descobriu o poder das palavras e, através de textos que escreve escondido de todos, as usa para libertar os seus sentimentos, o garoto se sente mais leve.

Contudo, há uma coisa que Cam gostaria de ter mais que tudo nesse mundo. O garoto apenas deseja alguém que olhe dentro de seus olhos e o entenda. Alguém para abraçar e amar incondicionalmente. As garotas não costumam notar a presença de Cam, até que, um dia, uma parece olhá-lo diferente. Octavia uma artista doce e divertida, uma garota que parece levar tranquilidade a onde vai e que consegue ver o melhor das pessoas, mesmo que elas mesmas não o vejam.

Não há motivos para Cam não se apaixonar por Octavia, exceto ela ser a namorada de seu irmão Rube. O tipo de pessoa que consegue tudo e todos com um sorriso, Rube não trata as garotas que namora muito bem e costuma dispensá-las rapidamente. Apaixonado por Octavia, tudo o que Cam quer é que o irmão a trate melhor e que ela seja feliz, mesmo que isso signifique que eles nunca ficaram juntos. Parece inacreditável, entretanto, Octavia e o destino dão uma chance a Cam não só de conquistar a garota que ele quer, mas também de mostrar quem ele verdadeiramente é. Será que ele terá coragem o suficiente para isso?


A SÉRIE

Somente após terminar o livro e até mesmo quase ter terminado essa resenha que descobri, completamente por acaso, que A Garota Que Eu Quero faz parte da trilogia Irmãos Wolfe. Entretanto, pelo menos esse terceiro volume pode ser lido de forma completamente independente– tanto que em nenhum momento durante a leitura, e até após, havia suspeitado que a obra fazia parte de uma série.

EXPECTATIVAS PARA A OBRA

Mesmo sendo uma obra de Markus Zusak, consagrado autor de A Menina Que Roubava Livros (história que amo), curiosamente, eu não esperava muito de A Garota Que Eu Quero. Achava que ia encontrar uma historinha fofinha de um cara meio estranho que se apaixona. E, por mais que a trama do livro seja basicamente essa, a obra é muito, muito mais rica do que eu poderia imaginar.


A LEITURA

Rápido e muito cativante, A Garota Que Eu Quero me conquistou em suas primeiras palavras. A narrativa em primeira pessoa, pela perspectiva de Cam, é brutalmente honesta, mas, curiosamente, não é pesada. Apesar de descrever um período recheado de ansiedade e angústia, o protagonista não chega a ser depressivo e nos mostra também muitos momentos bons, mesmo que simplórios ao olhos do leitor. 

Achei interessante que, entre os capítulos, nos deparamos com pequenos textos do Cam, que, paralelamente, traçam uma trama própria, mas que refletem completamente a trama principal – e os sentimentos do narrador sobre os acontecimentos do livro. Foi legal poder ler as palavras de Cam (fora da narrativa) e, assim, realmente entender como aquelas palavras, como a escrita, eram tão importantes – e libertadoras, para ele.

A trama de A Garota Que Eu Quero se desenvolve de forma acelerada, deixando o leitor viciado e ansioso para saber o que vai acontecer a seguir. Entretanto, ao mesmo tempo, a leitura é leve e gostosa. Toda a história foi bem desenvolvida e não nos deparamos com muitos momentos de surpresa ou acontecimentos inesperados – o que é completamente aceitável dentro da trama e deixa a narrativa de Cam mais crível, afinal, sua rotina parece ainda mais real com a falta de acontecimentos grandiosos ou chocantes. 


OS PERSONAGENS

Camé o típico adolescente deslocado, muito introspectivo, sem amigos e perspectivas. Ele me lembrou bastante Holden, da obra O Apanhador no Campo de Centeio, um dos meus personagens favoritos e com muito me identifico. Mas, curiosamente, apesar das muitas coisas não boas e dos sentimentos ruins dentro de si, Cam, diferente de Holden, não é depressivo. Claro, em alguns momentos ele demonstra estar triste ou apreensivo, entretanto, também demonstra grande capacidade de valorizar as pequenas coisas, ou pequenos gestos, e a companhia das, poucas, pessoas que gosta.


Eu me identifiquei bastante com o Cam, contudo, o personagem foi tão bem-criado que esbanja personalidade própria e soa muito real, como se a qualquer momento fosse saltar das páginas e se materializar na nossa frente. O protagonista me tocou bastante e sua história me emocionou – tanto que me irritei como o modo como outros personagens o subestimavam e fiquei com vontade de entrar no livro só para defendê-lo e ajudá-lo.

Eu amei o Cam e os outros personagens também me agradaram bastante, pois mesmo os secundários foram bem desenvolvidos e possuem papel na trama. Entretanto, senti que o autor poderia ter trabalhado ainda mais na Octavia, que, como Cam, possui uma personalidade brilhante, mas foi deixada mais de lado. Zusak abriu um espaço bem generoso para mostrar as fragilidades e humanidades da garota, mas acabou não o usando. E isso me irritou bastante porque na maioria das histórias como essa, as garotas sempre aparecem APENAS para mudar os caras e são vistas por eles como perfeitas, totalmente irreais. E, para um autor que escreveu uma história maravilhosa com uma garotinha muito, muito corajosa e complexa, foi decepcionante vê-lo colocar a figura feminina em papel inferior em A Garota Que Eu Quero.


A EDIÇÃO

A edição de A Garota Que Eu Quero está excelente. A tradução é boa, sem erros, e a diagramação quase não traz detalhes. As folhas amareladas ajudam a deixar a leitura ainda mais confortável e rápida, mas achei o tamanho das letras um pouco pequeno. 

Um cuidado especial e que apreciei bastante foi os pequenos textos do Cam terem vindo em itálico, assim fica claro para o leitor que o que está sendo narrado está na imaginação do Cam e não na trama, na vida real dele. A capa é muito simples, mas bastante bonita e combina com o estilo da obra. Conheça as outras capas que o livro ganhou ao redor do mundo.


CONCLUSÕES FINAIS

Mais do que uma história de amor, A Garota Que Eu Quero traz a trajetória de um garoto um busca do seu lugar no mundo e sua força interior. A narrativa gostosa e pouco detalhada deixam a leitura ainda mais rápida, mas ainda assim extremamente cativante e emocionante. Uma obra singela, que me tocou, fez o meu coração acelerar e até mesmo me fez derramar algumas lágrimas, A Garota Que Eu Quero foi uma excelente leitura.

Mesmo me irritando por ter deixado a figura feminina de lado, me identifiquei muito com o protagonista e acabei amando o livro. A Garota Que Eu Queroé uma daquelas obras que terminam com gostinho de quero mais e que pretendo reler em breve. Como descobri, apenas após ler, que o livro faz parte de uma trilogia, fiquei com muita vontade de ler os livros anteriores. E termino a resenha com o meu trecho favorito do livro.


Título: A Garota Que Eu Quero
Título original: Getting the Girl (ou When Dogs Cry)

Série: trilogia Irmãos Wolfe
Volume: 3
Autor: Markus Zusak
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580573732
Ano: 2013
Páginas: 174


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