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Resenha: Elena, A Filha da Princesa - Marina Carvalho

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A HISTÓRIA

Elena sabe que é privilegiada. A terceira na linha de sucessão pelo trono da Krósvia, a garota não deixou o sangue azul ou os luxos da vida real a transformarem em uma menina mimada e fútil. Apesar de ser reservada, Elena é muito caridosa e todos que se aproximam percebem que ela não só é a filha da princesa, mas também uma pessoa bondosa. Aos 19 anos, a garota resolve trancar a faculdade de Línguas, abandonar sua vida confortável e ir para a Nigéria fazer trabalho voluntário.

Entretanto, ao descobrir que a mãe está grávida de gêmeos, uma gestação de risco por causa da sua idade, Elena volta para a Krósvia para acompanhar Ana e a família durante esse período complicado. Entretanto, muitos outros parentes estão de volta ao país para o casamento da prima dela, inclusive o irmão da noiva, a ovelha negra da família: Luka. Elena sabe que Luka é perigoso e inconsequente e que, como demostrara bem anos atrás, quando a beijou apenas para provocar ao pai da garota, que ele não se importa nem um pouco com ela. 


Luka nem ao menos reconhece Elena quando a vê pela primeira vez e fica surpreso que aquela priminha que era apaixonada por ele se transformou em uma mulher bonita e de personalidade forte. Elena, a contragosto, vê seus sentimentos por Luka voltarem ainda mais fortes que antes. Mas, dessa vez, o homem parece realmente interessado nela. Contudo, além da diferença de idade (Luka é uns oito anos mais velho), ainda há o fato de que eles são primos – de segundo grau - e que, bom, Luka não é nenhum cara bonzinho.

Apesar das marcas sombrias do passado, Luka se mostra cada vez mais diferente, especialmente na presença de Elena, quando ele se vê ainda mais motivado ainda para deixar o garoto rebelde que fora de vez para trás. Tentando provar para todos e para si mesmo de que mudou, Luka resolve voltar a morar no país e assumir um negócio de sua família. Mas, ele terá que se esforçar mais para conquistar Elena, que teve o seu coração partido pelo último namorado e pelo próprio Luka, que zombara, no passado, de seus sentimentos. A atração entre eles é inegável, mas todas as chances indicam que um relacionamento entre eles não irá durar. Mas Elena e Luka são fortes o suficiente para pelo menos tentar fazer com que dê certo.


A SÉRIE

Elena: A Filha da Princesaé um spin-off (obra derivada de outra já existente) da série Simplesmente Ana, onde uma jovem brasileira e estudante de direito descobre ser da realeza de um pequeno país europeu. Elena: A Filha da Princesa ocorre quase vinte anos depois da história original e narra o desenvolvimento de Elena, a filha de Ana, na idade adulta. Apesar de ser um spin-off, a obra pode ser lida de forma completamente independente– dois pequenos prólogos no início do livro explicam rapidamente a história de Ana e seu marido Alex, apenas o suficiente para entendermos o desenrolar de Elena: A Filha da Princesa.


A TRAMA E A NARRATIVA

Apesar de ser bastante cativante, graças a narrativa leve e divertida, a trama de Elena: A Filha da Princesaé totalmente previsível. As reviravoltas do livro realmente conseguiram deixar a leitura mais emocionante, mas não foram capazes de me surpreender. Toda a história, inevitavelmente, ganhou um ar de contos de fadas que não me agradou, especialmente porque senti que a autora queria nos convencer de que os personagens, mesmo da família real, são “gente como a gente”, algo que ela não conseguiu transmitir.

A escrita de Carvalho é gostosa e adorei a narrativa em primeira pessoa ora na perspectiva da Elena, ora na do Luka. A troca de visões entre Elena e Luka deixou a leitura mais fluída e nos permite conhecer melhor os personagens e a trama, mesmo que eles não convençam muito. O desenvolvimento do relacionamento dos dois começou muito bem, mas da metade do livro para o final, o envolvimento deles ficou forçado e a trama, como um todo, acelerada demais. Achei o desfecho bastante corrido e queria que Elena e Luka tivessem tido mais tempo e mais cenas e acontecimentos para se conhecerem melhor e, assim, fazer com que os seus sentimentos parecessem mais realistas.


MAIS QUE FICÇÃO, A QUESTÃO DA MONARQUIA x DEMOCRACIA

Um detalhe que achei interessante, mas que no final não foi bem desenvolvido e me frutou, foi a autora ter abordado a questão da monarquia no país fictício de Krósvia. Durante o decorrer da obra, a autora apresenta diversos conflitos relacionados a manifestações pró-democracia no país, mas termina toda a história de forma muito rápida e simples para o que ela deu a entender de que era um movimento forte e válido. 

Por vários momentos nutri a esperança de que a Elena ia dar uma de Mia, em O Diário da Princesa - uma das minhas séries favoritas ever e na qual Simplesmente Ana foi claramente inspirado-, e declarar o fim da monarquia ou, pelo menos, fazer a sua família refletir sobre isso. Entretanto, a garota, que nos é apresentada como uma menina inteligente e nada fútil, em nenhum momento para pensar sobre isso ou ao menos considerar a validade do movimento. 

Eu realmente não entendi porque a autora trouxe a tona a questão da legitimidade de uma monarquia em tempos atuais se não ia a desenvolver. Se o propósito era deixar a história mais real, infelizmente, Carvalho não conseguiu e apenas acrescentou ainda mais caráter de “conto de fadas” a trama, já que hoje em dia, nenhuma monarquia jamais passaria ilesas por manifestações a favor da democracia, como aconteceu em Elena: A Filha da Princesa.


OS PERSONAGENS

Infelizmente, os personagens também não me conquistaram. A protagonista foi, de longe, a que mais me irritou. Elena é apresentada, supostamente, como uma garota forte e inteligente, mas suas ações e modo de pensar provam que ela, no final, é justamente o que não queria ser: boba, mimada e fútil. O que poderia ser uma protagonista feminina marcante, uma inspiração para jovens leitoras, acabou soando como uma personagem fraca, dependente e irreal. 

Elena já começou a me soar estranha por não ter absolutamente nenhum amigo e viver debaixo da saia da mãe. Não que mães e filhas não possam ser amigas, mas a relação de Elena e Ana soa esquisita e acabou mostrando, pelo menos para mim, uma filha muito dependente de uma mãe superprotetora. Elena também me irritou por sua falta de ambições próprias e interesse na vida real. O seu país estava quase explodindo em uma guerra civil e ela, que dizia tanto se importar com os outros, não dava a miníma para isso.

Elena é a típica protagonista de romances: jovem, inocente e boazinha, tão perfeitinha que soa irreal. Já Luka, pelo contrário, é o cara cheio de defeitos que no fundo é também bom moço – igualmente clichê. Luka soa um pouquinho mais real que Elena, mas ainda assim não me conquistou. Pintado por todos como rebelde, a autora não soube dosar o qual “rebelde” ele seria e, de repente, de alguém que fora um jovem que gostava de festas e de provocar a família, ele passa a ser um ex-viciado em drogas – e a transição de um para outro não me convenceu nenhum um pouco. Luka é o clássico bad boy que não é mais tão mau assim, e até poderia ter me agradado se o relacionamento dele e de Elena não tivesse sido tão mal construído e acelerado. Acabou que, no fim, os protagonistas não me agradaram ou nenhum outro personagem.


A EDIÇÃO

Algo que não posso reclamar é da edição. Não me lembro de ter visto qualquer erro durante a leitura e possui alguns detalhes bem fofos. Achei o tamanho das letras um pouco pequeno, mas as páginas amareladas ajudam a deixar a leitura confortável. A capa de Elena: A Filha da Princesaé maravilhosa e combina com o ar de conto de fadas do livro, apesar da modelo não ser parecida com a Elena que imaginei. Eu gostei bastante dos tons usados na capa, o azul mais escuro, com o lilás, o rosa e o verde ficaram muito bonitos e conjuntos. Também achei atencioso da editora Galera ter trago uma capa que combina com as da série Simplesmente Ana e traz a mesma paleta de cores – apesar de que os outros livros são de outra editora.

CONCLUSÕES FINAIS

Após ter lido e gostado de Azul da Cor do Mar, outra obra da autora, eu tinha muitas expectativas para Elena: A Filha da Princesa que, infelizmente, foram frustradas. Com uma trama nada surpreendente, personagens clichês e pouco cativantes, mesmo a leitura da obra tendo sido rápida e envolvente, o livro, no fim, não me conquistou. Apesar de ter terminado Elena: A Filha da Princesa descontente, ainda assim fiquei curiosa para ler a série Simplesmente Ana, apesar de que a leria sem quaisquer expectativas.

E termino a resenha com o meu quote favorito do livro:


Título: Elena, A Filha da Princesa
Autora: Marina Carvalho
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501104366
Ano: 2015
Páginas: 322

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