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Resenha: Estrela da Manhã - André Vianco

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A HISTÓRIA

A vida de Rafael nunca mais foi a mesma desde a morte do seu pai. Depois de perder seu maior exemplo e amigo, o jovem de 11 anos passou a sofrer diariamente, especialmente nas mãos do colega Fábio, apelidado de Maguila. Além de sofrer bullying na escola, Rafael ainda pena bastante em casa e, na maioria do tempo, ou é ignorado pela mãe e o irmão mais velho, ou leva bronca ou cascudo de um dos dois.

Rafael só encontra descanso e diversão em sua melhor amiga Renata, a única colega de escola que o trata bem e que sempre o defende. Os dois também se divertem bastante assistindo seriados de TV e conversando pelo celular. E é justamente no seu smartphone que Rafael encontra a solução para seus problemas. Cansado de apanhar na escola e de ser ignorado em casa, o garoto começa a pesquisar sobre ocultismo e tentar entrar em contato com o espírito do pai. Contanto, é outro “ser” quem atende o seu chamado e, nisso, Rafael descobre o aplicativo Pé na Tumba.


O misterioso aplicativo Pé na Tumba oferece serviços de fantasmas para resolver todos os seus problemas. Entre as opções, Rafael escolhe Estrela da Manhã, um fantasma sinistro e poderoso, que o protegerá durante sete dias contra sete inimigos. Assim, o menino invoca o fantasma e o dá uma lista com os seis nomes daqueles que mais o perturbam. Além de Maguila, Rafael também dá o nome de sua mãe e do seu irmão, assim como da mãe de Maguila, de uma professora do colégio e da diretora – todas culpadas de proteger o outro menino e fingirem que Rafael não sofre bullying. 

As pertubações na escola e em casa continuam, mas logo Estrela da Manhã começa a agir em benefício do seu novo mestre. Contudo, quando a diretora do colégio morre e forma trágica e misteriosa, Rafael começa a perceber que, talvez, tenha feito algo muito, muito errado e que a máxima “cuidado com o que deseja” nunca foi tão verdadeira. O menino descobre que, na verdade, Estrela da Manhã é um demônio e que protegê-lo dos seus inimigos significa que ele matará todos cujos nomes constam na lista que Rafael o deu. Agora, o garoto tem apenas seis dias para impedir as outras mortes, inclusive a de sua família. Mas será que o Rafael será forte o suficiente para lutar contra o sobrenatural?


EXPECTATIVAS PARA A OBRA E A LEITURA

Eu estava ansiosa para ler Estrela da Manhã de André Vianco, consagrado autor brasileiro de terror e fantasia. Apesar de ter me decepcionado bastante com sua série O Turno da Noite (nem cheguei a terminar de ler o segundo livro, Revelações), ver o nome do Vianco na capa de um livro já é o suficiente para despertar a minha curiosidade. Contudo, Estrela da Manhã não foi tudo o que eu esperava. 

Apesar da história fluir em um bom ritmo e a leitura ter sido rápida, a obra me desagradou em vários aspectos. Por ter tantas expectativas, a decepção acabou sendo ainda maior, o suficiente para perder a vontade de ler outros livros do autor.

A TRAMA E OS PERSONAGENS

O início da trama de Estrela da Manhãé bem interessante, mas o desenvolvimento da história foi previsível. O começo da obra é até carregado de uma tensão gostosa, que nos instiga a continuar lendo. Contudo, lá pela metade de Estrela da Manhã, o suspense do livro já havia se dissipado por completo, eu já conseguia previr o que viria a seguir e estava me chateando com tudo. 

Além de não dar medo ou mesmo não ter conseguido manter a tensão que demanda esse tipo de história, a obra teve alguns acontecimentos absurdos e sem sentido, que não consegui engolir de maneira alguma. O pior, para mim, foi quando a polícia resolve ajudar o Rafael a impedir o Estrela da Manhã, algo que não se encaixou de maneira alguma na trama e fez a obra ganhar um teor fantasioso típico de obras juvenis e amadoras.


Eu amo histórias de fantasmas e demônios, mas o vilão, o próprio Estrela da Manhã que dá nome ao livro, não conseguiu me cativar. Aconteceu o mesmo com todos os outros personagens, nenhum deles conseguiu se destacar ou mesmo fugir de uma personalidade ou comportamento clichê. Contudo, eles até que conseguiram amadurecer ao longo da trama, o que os fez soar um pouco mais cativantes.

Apesar de ter simpatizado com o sofrimento do Rafael no início, o protagonista soou irreal demais e forçado, suas atitudes e pensamentos não cabiam dentro da pouca idade. Sério, não teve sentido um menino de apenas onze anos, mesmo com acesso livre a internet, saber tanto sobre ocultismo. Em alguns momentos, o autor até tentou mostrar um lado imaturo e inocente do garoto, mas isso acabou deixando Rafael ainda mais incoerente. 

O DESFECHO E A ESCRITA DO AUTOR

O desenvolvimento da trama não me agradou e deixou muitos buracos essenciais para que a história fosse mais convincente. Contudo, curiosamente, apesar de grande parte de Estrela da Manhã ter sido previsível, o final realmente me surpreendeu. O desfecho foi muito bom, carregado de tensão e emoção necessárias. Se Vianco tivesse desenvolvido melhor o restante da obra, com certeza Estrela da Manhã teria ganhado mais pontos comigo.

A narrativa do autor é bem elaborada e consegue fazer com que o leitor sinta os ambientes e emoções descritos, mas a linguagem é simples e traz um “jeitinho brasileiro”, com falas de personagens que imitam bem o nosso falar. Apesar de, particularmente, preferir escritas mais formais ou poéticas, até que simpatizei com o estilo de escrever do autor, que se aproxima bastante da realidade do leitor. O livro é descrito predominantemente em terceira pessoa e, na maior parte do tempo, acompanha Rafael. Entretanto, gostei que, em alguns momentos, Vianco tenha trago o ponto de vista de outros personagens, até mesmo o Estrela da Manhã.


A CRÍTICA

Apesar de ser uma obra de terror e fantasia, Estrela da Manhã consegue transmitir algumas lições bem reais. Achei interessante e até mesmo inovador que Vianco tenha trago um demônio invocado através de um smartphone – foi uma maneira diferente e criativa de mostrar o quanto a tecnologia pode disseminar tanto o bem quanto o mal. Nesse sentido, foi legal o protagonista ser tão jovem, assim também fica o alerta de que devemos ter cuidado e limitar o acesso dos pequenos à internet. E para quem acha que a solução de todos os seus problemas está na internet, como o Rafael pensou, Estrela da Manhã ainda deixa dois alertas importantes: cuidado com o que você deseja e nunca, nunca baixem um aplicativo estranho ou comprem um fantasma online!

A EDIÇÃO

A diagramação de Estrela da Manhã é simples, mas boa. Um detalhe diferente, mas que adorei, foram as orelhas maiores que o comum. Infelizmente, encontrei alguns erros no texto durante a leitura, mas nada que atrapalhasse o entendimento. Eu adoro a capa de Estrela da Manhã, ela é sombria, mas ao mesmo tempo chamativa e combina perfeitamente com a história. 


CONCLUSÕES FINAIS

A Estrela da Manhã não é um livro ruim, mas não chegou nem perto de cumprir as minhas expectativas. Com um desenvolvimento previsível e personagens pouco cativantes, a leitura, mesmo que rápida e com pitadas críticas, não me agradou por completo. Apesar do final bacana, carregado de emoção e tensão, senti falta de mais suspense e tensão ao longo da história. 

Para quem gosta de histórias de terror, mas sem muitos sustos e aguenta algumas cenas de mortes bem descritas, Estrela da Manhãé uma boa pedida. Mas, para fãs do gênero mais exigentes, como eu, que precisam de uma trama surpreendente e consistente, o melhor é ler a obra sem muitas expectativas.

QUOTE FAVORITO

“- Eu não quero que a mate, Estrela da Manhã.
- (…) Tarde demais para isso. Sete dias, sete nomes, sete mortes! Eu levarei todos os seus desafetos, todos aqueles que te atormentam, Rafael.” Pág. 92 

Título: Estrela da Manhã
Autor: André Vianco
Editora: Giz Editorial
Selo: Calíope
ISBN: 9788578552626
Ano: 2015
Páginas: 280
*Esse livro foi uma cortesia da Giz Editorial


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