Resenha: Escândalo de Cetim - Loretta Chase

Contudo, desde que a irmã Noirot mais velha se casou com um duque, uma das mulheres mais influentes da aristocracia, e mãe da ex-noiva do cunhado de Sophia, declarou guerra ao ateliê das irmãs Noirot e está fazendo de tudo para acabar com o negócio das francesas. E é claro que é Sophia é quem assume a responsabilidade por lidar com essa ameaça, ao mesmo tempo em que tenta descobrir os planos de uma modista concorrente, que já tentou acabar com a loja antes. E para completar os problemas de Sophia, lady Clara Fairfax, a cliente mais rentável do ateliê e amiga das irmãs Noirot, está rapidamente caindo na lábia de um lorde mal-intencionado e sem um centavo no bolso.

Com vários desafios ameaçando o futuro do ateliê, tudo o que Sophia não tem é tempo para paixonites e homens. Entretanto, um certo lorde ameça ser uma bela e perigosa distração dos negócios. O conde de Longmore, irmão de Clara, é um nobre pouco sentimental e acostumado a ter tudo o que quer. E o que Harry mais deseja, nos últimos tempos, é descobrir todas as facetas da bela, intrigante e dúbia Sophia Noirot. Por isso, quando percebe que sua irmã está se apaixonando por um homem de caráter duvidoso, Longmore pede a ajuda de Sophia para resolver a situação.

Com tantos problemas em sua vida, Sophia ficaria feliz em se livrar de toda a atenção que conde de Longmore têm dedicado a ela ultimamente. Apesar de dizer para todos e para si mesma que só tolera o conde para ajudar Clara, Sophia começa a apreciar cada vez mais a presença de Harry. Ele não é brilhante como ela, claro, mas consegue acompanhar todos os seus esquemas e disfarces e, o melhor de tudo, ele parece se divertir horrores com a coisa toda. Harry não consegue não tentar seduzir Sophia, contudo, é ela quem acaba encantando-o completamente. Mas será que, em meio a muitas confusões, planos mirabolantes e lojas e irmãs a serem salvas, Sophia e Harry conseguirão encontrar o seu próprio final feliz?

Escândalo de Cetimé o segundo dos quatro volumes da série As Modistas de Loretta Chase. Apesar de serem interligados, cada livro é independente e conta a história de amor de uma das irmãs Noirot e da amiga delas, lady Clara.

Leia a resenha do volume anterior e de outras obras da autora:
- Sedução da Seda - Série As Modistas - Vol. 1
- O Príncipe dos Canalhas - Série Scoundrels - Vol. 3
- O Último dos Canalhas - - Série Scoundrels - Vol. 4

Eu estava bastante ansiosa por Escândalo de Cetim, afinal, amei o primeiro volume, Sedução da Seda, e os outros dois livros da Loreta Chase que já li. E esse segundo volume da quadrilogia As Modistas não me decepcionou. O anterior continua sendo o meu favorito da saga, mas adorei e me apaixonei igualmente por Escândalo de Cetim.

Mesmo não sendo crítico como Sedução da Seda, Escândalo de Cetim ainda fascina ao trazer o dia a dia e os problemas do ateliê das Noirot e do mundo da moda do século dezenove. O que mais me encanta nessa série, definitivamente, é encontrar mocinhas que se tornaram fortes e independentes através de seu próprio trabalho e que têm orgulho do que fazem. Eu gostei que a autora tenha dado espaço, entre o romance dos protagonistas, para os desafios enfrentados pela loja das irmãs Noirot, o que deixou a trama não só bastante movimentada, como gostosa de ler.

A história de Escândalo de Cetim foi bem bolada e desenvolvida, e rende uma leitura divertida, leve e fofa, com boas pitadas de ação e mistério em meio ao romance. O livro não é tão surpreendente quanto o primeiro, mas tem alguns momentos bem legais e únicos, como a Sophia investigando uma loja concorrente em um dos seus disfarces. A narrativa da autora é cativante e gostosa de ler, além de fluir bem, ela conquista com diálogos recheados de uma ironia bastante divertida.

Todos os personagens dessa série são cativantes e cheios de personalidade. Contando, dessa vez, a autora focou basicamente na Sophia, no Harry e na Clara. Eu senti falta da participação de mais personagens, especialmente da Marcelline e do Clevedon (casal protagonista de Sedução da Seda), mas nada que chegasse a atrapalhar a leitura. Eu estou cada vez mais convencida que a Sophia se tornará minha personagem favorita da saga - eu amei sua personalidade expansiva e objetiva, e, claro, seu talento para disfarces. Uma mocinha inteligente e bastante forte, que não se intimida diante de nada, a irmã Noirot do meio não faz dramas desnecessários e sempre consegue o que quer. 

É impossível não amar a Sophia, especialmente quando ela está com o Harry. Algo que amei é que a autora deixa logo claro que o conde de Longmore não é nenhum homem brilhante, mas que não deixa nada passar despercebido. Apesar de a inteligência não ser seu forte, Harry é bastante charmoso, adora desafios e está sempre se divertindo com a situação. Só por isso o personagem se destaca de muitos outros mocinhos, que sempre ficam rabugentos e mandões quando não conseguem o que querem, enquanto o Harry prefere procurar algo do que rir enquanto os outros perdem a compostura. 

De fato, é por isso que Sophia e Harry são um casal tão fofo e marcante: eles têm seus problemas e suas diferenças, claro, mas não ficam fazendo drama ou joguinhos. Eles vão logo ao ponto e resolvem a coisa toda logo de uma vez. Eu adorei o casal protagonista, especialmente porque o Harry se intromete na vida da Sophia, mas não tenta controlá-la, em vez disso, se diverte com as confusões e peripécias da amada. O envolvimento dos dois foi um pouco lento demais para o meu gosto, o que acaba deixando a história deles ainda mais gostosa e fofa.

E junto a esse casal maravilhoso, temos a Clara, uma personagem com a qual tenho um relacionamento de amor e ódio. Por um lado, foi bem legal vê-la enfrentar sua mãe e tentar ser mais corajosa, mas, por outro lado, a inocência da garota e mania de achar que o mundo gira ao seu redor me irritou bastante. No primeiro livro, Sedução da Seda, a Clara descobre que pode ser tão forte e independente como uma das irmãs Noirot, mas em vez de se inspirar nas mulheres e tentar resolver suas próprias confusões, a Clara se deixa cair em uma enrascada e só dá problema e preocupação para os outros personagens. Foi bom vê-la, entretanto, começar a aprender com os seus erros, e estou curiosa para ver, nos próximos livros, se ela realmente aprendeu a lição.

A edição de Escândalo de Cetim segue o estilo da do primeiro livro da série. A tradução estava perfeita e a diagramação é simples, mas o texto está sem erros e com uma fonte de bom tamanho. Não tem como não se apaixonar pelas capas da série As Modistas, cada uma é mais linda que a outra e elas combinam bastante entre si. Eu não consigo decidir qual é a minha favorita, mas a de Escândalo de Cetim é simplesmente divina. O tom de verde usado é muito bonito, assim como o vestido da modelo, que combina bem com as criações das irmãs Noirot descritas no livro. 

Apesar da trama pouco surpreendente, Escândalo de Cetim entrega o que promete: uma história divertida, com muito romance e pitadas de ação e mistério. O melhor do livro é o casal de mocinhos, que não fazem muito drama e se divertem horrores juntos, se metendo nas confusões mais malucas e bolando planos mirabolantes. O livro foi uma leitura gostosa e rápida do início ao fim, e me deixou maluca pelos outros volumes da série As Modistas.

“Embora as três irmãs Noirot fossem modistas de igual talento, cada uma delas possuía qualidades específicas. Marcelline, a mais velha, de cabelos negros, era uma talentosa artista e desenhista. A ruiva, Leonie, a mais nova de todas, era o gênio financeiro. Sophia, a loura, era a vendedora. Ela era capaz de amolecer corações de pedra e arrancar grandes somas de dinheiro das pessoas. Conseguia convencê-las de que preto era branco. Suas irmãs costumavam dizer que ela conseguiria vender areia a beduínos.” Pág. 13-4

“Entretanto, ele foi gentil de um modo inesperado. Nem sempre homens eram gentis. Não que quisessem ser cruéis, mas estavam acostumados a ber o mundo girando de acordo com os próprios desejos que jamais percebiam quando ele girava e atropelava as mulheres.” Pág. 160