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Resenha: Simplesmente o Paraíso - Julia Quinn

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A HISTÓRIA

Lady Honoria Smythe-Smith está desesperada para se casar. Não que ela precise realmente de um marido ou, como a sua prima Sarah, queira um para se livrar das apresentações musicais tortuosas que é tradição da sua família. Pelo contrário, apesar de saber que ela e suas primas têm pouquíssimo talento musical, Honoria ama ensaiar e tocar com elas no famoso (e terrível) concerto anual dos Smythe-Smith. A verdade é que a garota ama fazer parte de uma família grande e unida, e está bastante ansiosa para começar a sua própria.

Marcus Holroyd, o Conde de Chatteris, é uma das pessoas que viu de perto a união e leveza da família Smythe-Smith. Melhor amigo de Daniel Smythe-Smith, Marcus conviveu de perto com esse clã numeroso, barulhento e carinhoso. Órfão de mãe e pai, sendo que ambos sempre foram distantes dele em vida, Marcus sabe bem como é se sentir solitário e inadequado, por isso sempre foi bastante apegado aos Smythe-Smith, até mesmo Honoria, que, sendo seis anos mais nova que ele, acabou praticamente transformando-se em sua irmã mais nova.

Entretanto, três anos atrás Daniel estragou tudo. Uma briga estúpida de cartas acabou mal, com outro Lorde ferido, e Daniel foi obrigado a fugir da Inglaterra para não ser enforcado ou assassinado. Assim, Honoria e sua família se viram em meio a um escândalo e privados da companhia de um parente querido, enquanto Marcus perdeu seu único amigo, a única pessoa que conseguia fazer com que o tímido homem não se fechasse para o mundo. 


A verdade é que, se pudesse, Marcus permaneceria o tempo todo na sua enorme mansão no campo sem qualquer contato com outros seres vivos, por exceção dos seus criados. Mas, o Conde têm uma promessa a cumprir e, é por isso que, quando esbarra com Honoria em Cambridge, ele decide sair da sua toca para fazer valer a sua palavra à Daniel. Marcus prometera ao amigo que não deixaria Honoria se casar com qualquer imbecil e ele vinha sendo dedicado a sua missão, tendo afastado da moça, sem o conhecimento dela, alguns pretendentes inadequados. 
“[Marcus] Só se apaixonara por Honoria recentemente, mas a conhecia havia quinze anos. Quinze anos em que aprendera a conhecer o tipo de coração que batia no peito dela.” Pág. 218
E é por isso que, quando percebe que Honoria pode estar interessada em um novo rapaz, Marcus decide se manter por perto e atento. Contudo, ele não esperava que reacender a amizade com Honoria traria novos sentimentos a tona. Marcus começa a perceber que acha Honoria mais encantadora e engraçada do que qualquer outra jovem dama que conhece e que absolutamente nenhum homem estaria aos pés dela.

Honoria, por sua vez, fica desconfiada de Marcus parecer estar sempre por perto, mas, o que a incomoda mais é notar que o jeito tímido e sarcástico do homem a diverte e atrai mais do que deveria. Contudo, antes mesmo de perceberem que estão desenvolvendo sentimentos românticos um pelo outro, chega o momento em que os papéis se invertem e é Honoria quem que precisa cuidar de Marcus. Será que haverá tempo o suficiente para que eles descubram que são perfeitos um para o outro? Ou o destino pode ceifar a vida de um deles cedo demais?


A SÉRIE

Simplesmente o Paraísoé primeiro livro do Quarteto Smythe-Smith da Julia Quinn. A série se passa no mesmo universo e tempo que a saga da Família Bridgerton, tendo inclusive vários personagens comuns. Contudo, tanto Simplesmente o Paraíso quanto os próximos volumes da série são obras independentes, com casais distintos, mas sendo que o mocinho ou mocinha sempre fazem parte da família Smythe-Smith, conhecida nos romances da autora por promoverem anualmente um concerto, onde as jovens solteiras tocam (terrivelmente) em quarteto. 


A LEITURA: TRAMA E NARRATIVA

Fiquei ansiosa por essa nova saga de livros da Julia Quinn desde que seu lançamento foi anunciado. Sou absolutamente apaixonada por romances de época e pela série da Família Bridgerton, e fiquei curiosa para ver como a autora daria vida aos membros da tão falada família Smythe-Smith, que, nos livros dos Bridgertons, rendeu boas risadas com seus concertos tortuosos. E a espera e ansiedade não foram em vão. 

Assim que comecei Simplesmente o Paraíso, a narrativa fluída, alto-astral e cheia de sarcasmo da autora logo colocou um sorriso no meu rosto. Julia Quinn sempre consegue nos cativar com sua escrita em terceira pessoa leve e detalhista na medida certa. Contudo, esse primeiro volume do Quarteto Smythe-Smith acabou sendo um pouco mais sério e emocionante do que eu esperava, o que não foi algo ruim. Na primeira parte do livro, Marcus está seriamente doente, o que rendeu vários momentos de tensão e drama. Assim, Simplesmente o Paraíso se diferencia de vários livros da autora por não trazer um ar juvenil e fofo, são poucas as cenas de romance e paixão, e nenhuma delas é grandiosa ou hilária como a de outras obras da Quinn.

“Marcus não conseguiria de modo algum descrever o som produzido pelos quatro instrumentos na sala de ensaio das Smythe-Smith. Não sabia nem se havia palavras para descrevê-lo, ao menos não de forma educada. Abominava a ideia de chamar aquilo de música; na verdade, era mais uma tortura do que qualquer outra coisa.” Pág. 223
Mas, para mim, isso acabou sendo positivo e tornando o primeiro volume da série Smythe-Smithúnico. Simplesmente o Paraísoé bastante surpreendente e foge dos clichês de histórias de amor em meio a bailes e passeios de carruagens. Temos sim alguns momentos clássicos da Julia Quinn, com diálogos rápidos e divertidos e situações meio malucas, como a Honoria e seu plano de fingir um tornozelo torcido. E isso que é o melhor: Simplesmente o Paraíso pode ser um romance de época mais sério e dramático, mas, no geral, é leve e bem-humorado, além de surpreendente e emocionante. É sim divertido, mas é especialmente fofo acompanhar uma amizade forte se transformar em uma paixão avassaladora. 


OS PERSONAGENS

Honoria e Marcus são, definitivamente, um dos melhores casais da Julia Quinn. Eles fogem do clichê ao começarem o livro já como amigos de longa data, que se conhecessem profundamente. Contudo, como já disse, ao longo de Simplesmente o Paraíso, os amigos que quase se consideram irmãos acabam redescobrindo um ao outro e vendo surgir uma grande paixão. E, como casal, eles funcionam muito bem. Honoria e Marcus não fazem joguinhos, não protagonizam momentos de grande ciúmes ou entram em disputas de ego, como outros mocinhos do gênero. Eles têm personalidades compatíveis, diferentes o suficiente, mas parecidas o suficiente, para ser aquele tipo de casal que todo mundo queria ser.

Honoria é falante, carinhosa e animada. Marcus é tímido, sarcástico e curte ficar na dele. Eu gostei que, por uma vez, nada de mocinha aventureira ou mocinho devasso. Eles são pessoas comuns e é isso que mais cativa. Me vi bastante em ambos e aposto que a maioria das pessoas vai se identificar também. Mas isso não quer dizer que eles são sem graça. Pelo contrário. O jeito carinho de Honoria é extremamente fofo, assim como a timidez do Marcus. Admirei a força da Honoria e sua dedicação a família, especialmente quando ela explica que não se envergonha de participar dos terríveis concertos da família porque gostava dos ensaios com as primas/amigas. Já Marcus me cativou com sua honestidade: ele sabe quem é e não tenta mudar sua timidez e seu jeito quieto.

Falando nos secundários, adorei absolutamente todas as primas da Honoria que fazem parte do quarteto. Cada uma têm seu jeito e todas são divertidas. Me cativei especialmente a Sarah e seu jeito um pouco rabugento, por isso estou feliz que o terceiro livro da série, A Soma de Todos os Beijos contará a história dela. Também fiquei contente em rever, mesmo que rapidamente, os ainda solteiros, mas sempre divertidos, Gregory e Colin Bridgerton, assim como a desbocada e maravilhosa Lady Danbury.


A EDIÇÃO

A edição de Simplesmente o Paraíso está bem caprichada. A primeira folha, assim como a capa e contracapa do livro contêm vários símbolos musicais, um toque fofo já que a série fala bastante de música. Outro detalhe que adorei foi que, no final da obra, temos uma lista (foto acima) de todas as mulheres Smythe-Smith que se apresentaram ao longo dos anos no concerto anual da família.

Quanto a capa, a de Simplesmente o Paraísoé bonita, apesar de a minha favorita da série ser a do segundo livro, Uma Noite Como Esta. Eu gostei que a capa tenha uma textura emborrachada gostosa ao toque, assim como da modelo de lado, com esse vestido rosa super fofo. A única coisa que não gostei é o detalhe do tecido na parte de cima, como em todas as capas da série. Para mim, ficaria mais bonito se ele viesse embaixo.


CONCLUSÕES FINAIS

Com momentos mais tensos e dramáticos, Simplesmente o Paraíso não é o tipo de romance de época que te faz gargalhar, mas a obra tem seus momentos divertidos e te deixa com um sorriso no rosto em grande parte dos momentos. Bastante surpreendente, esse livro foge de vários clichês e nos entrega uma história única sobre amizade, amor e família. Simplesmente o Paraíso foi um excelente e gostoso começo para o Quarteto Smythe-Smith e mal posso esperar para ler os outros volumes da saga.


QUOTES FAVORITOS

(…) quando Marcos parava para pensar a respeito (o que fazia com bastante frequência), percebia que passava de fato mais tempo com cada Smythe-Smith do que com o pai. Até mesmo com Honoria, a irmã mais caçula de Daniel.” Pág. 9

Para não mencionar que [Marcus] detestava a temporada social. Detestava. Mas se Honoria estava determinada a conseguir um marido, então ele iria a Londres para se certificar de que ela não cometesse erros desastrosos. Afinal, fizera um juramento.” Pág. 27-8

Título: Simplesmente o Paraíso
Título original: Just Like Heaven
Série: Quarteto Smythe-Smith
Volume: 1
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580416626
Ano: 2017
Páginas: 272
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