Kelsey Summers têm tudo o que muitos matariam para ter. Ela é uma belíssima atriz e herdeira de uma imensa fortuna e, desde que terminou a faculdade, alguns meses atrás, ela está viajando pela Europa sem ninguém no seu pé para te dizer o que fazer. Belas paisagens e monumentos de dia, festas insanas e caras bonitos à noite, Kelsey poderia estar vivendo um sonho se o buraco no seu peito não parecesse cada vez pesado e maior.
Seu pai, um homem rígido e ganancioso, e sua mãe, uma alcoólatra infeliz, não a ajudaram quando ela mais precisou. Pelo contrário, eles banalizaram os sentimentos de Kelsey, ignoraram a sua dor, e assim a garota aprendeu a viver por trás de uma máscara. E Kelsey estava bem fingindo ser a garota festeira irresponsável, mas agora que a faculdade terminou e sua amiga está presa em um relacionamento feliz do outro lado do mundo, ela simplesmente não sabe o que fazer com a sua vida.
Kelsey sabe que deveria voltar para casa, mas lá não é seu lar, nunca foi, e não há sentimento pior no mundo do que não saber a que lugar você pertence. Mas, de repente, Jackson Hunt aparece na sua vida e tudo muda. O misterioso e sexy jovem também é um cara sensível que ensina a Kelsey a ver o mundo, e a si mesma, com novas cores. Jackson deixa Kelsey apaixonada pelavida e relembrar como é bom viver as pequenas aventuras diárias também a faz se apaixonar por ele.
“Aventuras não acontecem se você estiver procurando com o futuro ou apegado ao passado. Elas só existem no presente. E elas sempre, sempre, surgem na hora mais inesperada e da forma mais improvável. Uma aventura é uma janela aberta, e um aventureiro é a pessoa disposta a rastejar pelo peitoril e saltar.” Pág. 3
A atração entre os dois fora imensa desde o princípio, mas quando percebe que seus sentimentos também podem estar em jogo, Kelsey começa a se perguntar quem é Jackson Hunt. Ele a conheceu profundamente, mas ela ainda não sabe absolutamente nada sobre ele. Jackson claramente esconde muitos segredos e um passado sombrio, mas será que Kelsey, que já começou a superar os próprios antigos medos e problemas, conseguirá amá-lo mesmo assim?
Depois de ler Perdendo-me {resenha aqui} e Fingindo {resenha aqui} e me apaixonar junto aos personagens, eu estava ansiosa por Encontrando-me. E mesmo com altas expectativas, o livro conseguiu me conquistar e me proporcionar uma boa e gostosa leitura.
Apesar de não lembrar quase nada da Kelsey nos outros livros (inclusive, se não me engano, acho que ela nem aparece em Fingindo), logo me cativei a personagem. Seu jeito impetuoso de ser, do tipo que não leva desaforo para casa, a tornam uma protagonista forte e marcante.
“Sabia que tinha sorte. Que era até mesmo abençoada. Mas aquilo era muita pressão… tentar não desperdiçar o que se recebeu. Queria realizar alguma coisa. Amar alguma coisa. Ser alguma coisa. Mas não sabia como. Não sabia o quê.” Pág. 30
A princípio, Kelsey me pareceu um clichê demais, a típica garotinha rica rebelde, mas aos poucos, junto de Hunt, vamos desvendo-a e descobrindo uma garota sensível e muito machucada por trás das máscaras. Se sua impulsividade e falta de responsabilidades me irritaram em determinado momento, fiquei muito contente ao ver a garota amadurecer ao longo da trama e descobrir seu lugar no mundo.
Já Hunt não evolui muito ao longo da trama. Ele já nos é apresentado como um cara misterioso, mas, de certa forma, em paz com seu passado. Foi legal vê-lo devolver as cores à vida da Kelsey, mas senti falta de algo mais profundo. Hunt não é um protagonista muito marcante e seus conflitos internos não me convenceram. Terminei o livro com a sensação de que ainda não sabia bem quem ele era.
De fato, o final da obra não me agradou muito. O desenvolvimento da trama foi bom e nem preciso dizer que foi maravilhoso acompanhar os personagens por alguns dos cenários mais conhecidos da Europa, assim como por alguns lugares únicos. Carmack descreve os lugares muito bem, sem excesso de detalhes, mas de maneira que nos faz sentir como se estivéssemos lá, ao lado dos personagens. A escrita da autora, como um todo, é bem gostosa e fluída.
Desde o início paira sobre a história um mistério em relação a Hunt e, apesar de eu já o ter desvendado logo de cara, esse pequeno suspense deixa o leitor preso a história. Apesar de ter sido cativada pela trama e pelos personagens, a história não me surpreendeu, mas estava gostando bastante dela até o final, que deixou muito a desejar. O desenvolvimento do relacionamento de Kelsey e Hunt foi bom, mas com o desfecho mal elaborado, acelerado demais, terminei o livro com o sentimento de que o romance entre eles, no fim, ficou um pouco forçado.
Encontrando-meé um bom livro, um romance fofo e divertido, que além suspiros apaixonados, traz uma reflexão sobre redenção e perdão, sobre como não podemos deixar o passado nos definir e que podemos fazer nossa felicidade e nosso lar onde quer que desejarmos. Entretanto, em comparação aos outros livros da trilogia Perdendo-me, a obra perde alguns pontinhos e não supera o volume anterior, Fingindo, meu favorito entre todos.
Quanto a edição, a tradução e a diagramação da Novo Conceito está perfeita. A capa de Encontrando-me não é feia, mas também não é bonita. Ela combina com a dos outros volumes e, entre elas, é a mais visualmente agradável, a menos feia.
Capas do livro ao redor do mundo.
“Mas a beleza era um veneno. Uma mentira. Era uma fachada, nada além disso. (…) A alma era algo que eu não conseguia mudar. Eu podia escondê-la com maquiagem. Podia me distrair com festas, homens e viagens. Mas não se pode fugir de quem se é… não para sempre.” Pág. 160
Título original: Finding It
Série: Trilogia Perdendo-me
Volume: 3
Autora: Cora Carmack
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581637129
Ano: 2015
Páginas: 320
*Esse livro foi uma cortesia da Editora Novo Conceito