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Resenha: A Chama de Ember - Colleen Houck

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A HISTÓRIA

No Outro Mundo, criaturas fantásticas e aterrorizantes reinam glamourosamente, cercados por tecnologias inimagináveis para o mundo humano. E, para garantir que humanos e criaturas permaneçam em seus respectivos lugares, os chamados Lanternas guardam as pontes entre os dois universos, carregando suas almas em objetos especiais e poderosos, como brincos e abóboras. 

Faz mais de 500 anos que Jack fez um trato com o diabo e teve que pagar sua dívida como um Lanterna. Ele é conhecido por sem rígido e cruel, mas nem todas as lendas são verdadeiras. No fundo, Jack tem um coração mole e uma queda especial pelas bruxas. Há muitos anos elas se refugiaram no mundo dos humanos, assim, se um Lanterna souber da existência de uma, deve entregá-la para seus superiores.

Contudo, Jack jamais conseguiria entregar Ember. Ele vem cuidado da bruxinha desde a sua infância e sabe que o tanto de poder que a garota carrega acabaria colocando sua vida em risco no outro mundo. Mas Ember é uma jovem curiosa e corajosa. Por anos ela tentou desmascarar seu misterioso guardião e agora que Jack finalmente se permitiu ser visto por ela, a bruxa quer convencê-lo a levá-la ao Outro Mundo. Ember tem uma ânsia por conhecer o lugar e suas criaturas mágicas que Jack jamais poderia compreender. Assim, quando um misterioso e belo vampiro se aproxima dela e se oferece para levá-la ao Outro Mundo, Ember diz sim sem pensar duas vezes. Agora cabe a Jack resgatá-la antes que seja tarde demais.


A TRAMA E A NARRATIVA

A Chama de Ember é um romance sobrenatural que se utiliza de lendas e personagens do terror conhecidas, como o Cavaleiro Sem Cabeça, o Bicho Papão, Drácula e Frankenstein para criar uma história única e cenário fascinante. Nesse steampunk, essas figuras ganham novas histórias de origem entrelaçadas a trama de uma jovem bruxa curiosa e seu doce e misterioso guardião.

A Chama de Ember já nos encanta logo de cara com um universo único e fascinante. Adorei a ideia de mundos mágicos e humanos interligados, sendo que todas as criaturas ditas no primeiro como fantasia são reais no segundo. Mas, ao trazer uma mitologia própria, o livro perde muito tempo com descrições e explicações extensas, que deixam a leitura bastante arrastada. Colleen Houck tem uma boa narrativa em terceira pessoa e agrada com diálogos engraçados, recheados com muita ironia e provocação.

Contudo, mesmo os excelentes diálogos não conseguem mudar o fato de que a primeira parte do livro é bem chatinha. Apesar de nos apresentar a um mundo de possibilidades, a história cai no clichê de uma garota poderosa e curiosa demais para o próprio bem que é enganada por um homem sedutor, enquanto outro banca o herói e tenta salvá-la. Felizmente, depois da primeira metade, A Chama de Ember ganha um ritmo mais emocionante, com direito a batalhas e fugas realmente emocionante, assim como a revelação de alguns segredos. 

Nessa segunda parte, Ember começa a ganhar mais confiança e agir por conta própria e vemos possíveis casais se formarem de verdade. O final do livro, honestamente, faz o começo arrastado valer a pena, já que entre muitas revelações chocantes, descobrirmos a verdade sobre Ember e como todas as subtramas do livro se encaixam. No fim, A Chama de Emberé uma história sobre poder e ganância, mas também sobre amor verdadeiro e sacrifício. O bom é que esse é um volume único, então a história se encerra com perfeição, deixando o coração do leitor quentinho com um desfecho fofo e divertido.


OS PERSONAGENS

A Chama de Ember tem um grande número de personagens, mas cada uma apresenta personalidades bem distintas, então é fácil saber quem é quem. Contudo, a protagonista que dá nome ao livro não me cativou muito. Por um lado, a autora criou uma mocinha que realmente age de acordo com sua idade. No alto de seus dezessete anos, Ember é impulsiva e teimosa, e se coloca em risco ao confiar demais nos outros, o que me fez não curtir muito a protagonista. Contudo, admito que gostei da Ember ser tão ciente dos próprios desejos, sejam eles em relação a sua vontade de ir ao Outro Mundo ou de estar com alguém em especial. 

Eu também entendo a sede de Ember por satisfazer sua curiosidade e descobrir a extensão de seus poderes, mas ela podia ter sido um pouquinho mais inteligente na hora de fazer suas escolhas. Não gostei o quão dependente ela é das figuras masculinas em sua vida, primeiro Jack e depois o vampiro Dev. Felizmente, mais para o final do livro Ember começa se mostrar mais esperta e mais desconfiada dos outros ao seu redor. Apesar disso, ela continua sempre dependendo dos homens da trama, então acabei não simpatizando com ela de forma alguma.

Jack é o clássico herói que irrita o leitor ao ser superprotetor, mas cuja paciência e fidelidade o tornam irresistível. Ele é um pouco sufocante com Ember no início, mas me cativou muito com seu jeito brincalhão e fofo, sem falar que ele está disposto a qualquer coisa para salvar todos ao seu redor. Desde o início do livro percebemos que ele está apaixonando por Ember e lutando contra seus sentimentos, o que nos faz torcer bastante pelo casal.

E foi justamente por querer ver Jack e Ember juntos que Dev não me cativou desde o início. Logo de cara sabemos que ele não tem as melhores intenções em relação a Ember, mas mesmo quando ele parece estar “reformado” e começa a ser de verdade o cavalheiro que antes só fingia ser, não fui capaz de simpatizar com ele. Essa mudança repentina em suas intenções não me convenceu. Por outro lado, adorei sua irmã Delia desde o primeiro momento. Ela é uma vampira forte, que foi contra as normas e a opinião de todos e não só se tornou uma lendária capitã espacial, como ainda viveu um amor proibido. Delia foi minha personagem secundária favorita do livro e, honestamente, merecia uma obra só sua.

A EDIÇÃO

A Chama de Ember apresenta uma edição excelente. A tradução de Ana Ban está perfeita e não encontrei erro algum no texto. A diagramação é simples, mas o tipo e tamanho de fonte são bons. Eu amei a capa do livro, que é muito mais bonita pessoalmente do que em fotos. As partes douradas tem um aspecto metálico e brilhante que iluminam o fundo escuro. A caveira brilhante, os besouros dourados, o tecido rendado, todos os detalhes da capa combinam perfeitamente com a história fantástica, romântica e sombria de A Chama de Ember.


VALE A PENA LER?

A Chama de Ember não é um livro perfeito. A primeira metade da obra se arrasta com uma mocinha pouco cativante e uma trama previsível. Contudo, o mundo que a autora criou, misturando lendas que já conhecemos, como o Cavaleiro Sem Cabeça, o Bicho Papão, Drácula e Frankenstein, com uma mitologia própria tornam a leitura fascinante. Apesar de muito descritiva, a narrativa se torna mais emocionante conforme nos aproximamos do final, que entre muitas revelações, reencontros, batalhas e sacrifícios, deixam o leitor, após o fim da leitura, com o coração quentinho.

Divertido e romântico, mas emocionante e sombrio, o final de A Chama de Ember faz a leitura valer a pena para quem curte romances sobrenaturais e está afim de uma obra que não faz parte de uma série. Esse foi meu primeiro contato com uma obra da Colleen Houck e apesar de ressalvas, gostei da leitura e estou curiosa para devorar mais histórias dela.

Título: A Chama de Ember
Título original: The Lantern's Ember
Autora: Colleen Houck
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788530600068
Ano: 2019
Páginas: 336
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