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Resenha: Orgulho e Preconceito - Jane Austen

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A HISTÓRIA

Você conhece essa história. Elizabeth é a segunda filha mais velha das cinco garotas Bennet. Apesar de fazerem parte da aristocracia, a família não vive com grandes luxos e como nenhuma das filhas poderá herdar a propriedade do pai, a mãe das garotas preocupa-se excessivamente em casar as filhas. Quando um novo cavalheiro, o jovem, belo, educado e rico Mr. Bingley, aluga uma mansão na região, a rotina da família Bennet muda e a Sra. Bennet faz de tudo para incentivar um relacionamento entre o novo vizinho e a filha mais velha, a bela Jane. Muito bem recebido por todos, Bingley e suas irmãs se tornam queridos na região, e o rapaz se mostra tão interessado em Jane quanto ele nela.
“- Isso é verdade – replicou Elizabeth -, e eu não teria dificuldade em perdoar o orgulho dele [Darcy], se ele não tivesse ferido o meu.” Pág. 247
Contudo, a comitiva de Bingley também incluiu o amigo dele, Mr. Darcy. Muito mais rico e bem relacionado que o amigo, Darcy se mostra arrogante e reservado desde o início e não atrai a simpatia de ninguém da região, muito menos da família Bennet, cujas maneiras chamativas e expansivas parecem provocar completa repulsa nele. Entretanto, é Elizabeth quem mais o detesta. Depois de ouvir dele que ela não era bonita o suficiente, Lizzie não consegue controlar o seu orgulho e passa a desprezá-lo profundamente, sem saber que, no fundo, Darcy se sente atraído por ela.


Ao mesmo tempo, uma comitiva de soldados passa a se estabelecer na cidade e Elizabeth começa a ficar próxima de Mr. Wickham, um oficial charmoso que também compartilha de seu desprezo por Darcy, por quem Wickham afirma ter sido maltratado. Nessa mesma época os Bennet também recebem a visita de Mr. Collins, um primo que herdará a propriedade da família e viajara até a cidade decidido a encontrar uma esposa, preferencialmente uma das Bennet. Como o relacionamento de Jane com Bingley ia bem, levando todos a acreditar que em breve ele a pediria em casamento, Mr. Collins considera Elizabeth como sua melhor (mesmo que segunda) opção e começa a tentar agradar a moça, que não o suporta e finge não perceber os cortejos dele já que jamais se casará com um homem que não ama.

Tudo parecia estar se encaixando para os Bennet, entretanto, Bingley, suas irmãs e Darcy deixam a cidade repentinamente, sem qualquer explicação ou despedida, para confusão de todos e desespero de Jane, que estava apaixonando por Bingley e não sabe se o encontrará novamente. Ao mesmo tempo em que tenta consolar a irmã, Elizabeth precisa lidar com o desprezo da mãe, que não aceita que a filha tenha rejeitado o Mr. Collins e o que ela acredita ser uma traição da amiga Charlotte, que acaba ficando noiva de Collins. A Sra. Bennet fica arrasada pelas filhas, novamente, não terem perspectivas de um casamento vantajoso, mas mal sabe que o futuro ainda revela muitas surpresas, especialmente sobre Elizabeth e Darcy



A (RE)LEITURA – NARRATIVA, TRAMA, PERSONAGENS e CRÍTICAS

Li Orgulho e Preconceito há muitos anos, tempo suficiente para não me lembrar de basicamente nada na história, exceto que Lizzie e Darcy se odiavam, aí passaram a se amar e que eu amava esse livro. Peguei a obra com altas expectativas e me surpreendi logo nos primeiros parágrafos com a escrita da autora, que não é rebuscada ou complicada, e sim rápida e cativante, recheada com um humor irônico delicioso. Narrada em terceira pessoa, a trama do livro se desenvolve de forma ágil, e só demorei tanto a terminar de ler porque estava lendo outras obras ao mesmo tempo.

- Leia a resenha também de O Diário Secreto de Lizzie Bennet

A história de Orgulho e Preconceito traz muitos acontecimentos, mas todos bem elaborados e desenvolvidos que constroem um romance sutil, mas muito cativante - apesar de que, confesso, senti falta dos beijos apaixonados e grandes declarações de amor dos romances modernos. O envolvimento do casal protagonista é mais lento, mas mais convincente, e é divertido ver o ódio e desprezo inicial se transformarem em grande respeito e admiração para depois evoluir para amor. É igualmente fascinante o modo Austen usa os sentimentos que dão título ao livro para construir um retrato das relações sociais da época.

Darcy era orgulhoso por causa de sua elevada posição social e riqueza e, mesmo se sentindo atraído por Elizabeth desde o início, o mocinho deixa seu preconceito contra pessoas de classes inferiores ou menos distintas que a sua, impedirem o que poderia ter sido um começo de relacionamento bem melhor entre os dois. Até mais ou menos a metade do livro, Darcy soa bem chatinho com seu ar de superioridade e arrogância. Contudo, ele acaba se revelando nada mais que um cara tímido, além de gentil e muito fofo – um mocinho perfeito, cá entre nós!


Elizabeth também não foge as críticas de Austen e representa bem um mal que perpetua desde aqueles tempos até os dias de hoje: os julgamentos superficiais. De fato, essa é uma característica que odeio na personagem. A Lizzie é inteligente, mas extremamente fútil, já que julga todos sem qualquer pudor, baseando-se em primeiras impressões para construir toda uma opinião sobre o carácter da pessoa – e que muitas vezes acaba se mostrando errada. Ela respondeu o orgulho de Darcy com o seu próprio, e também desdenhou uma arrogância tamanha em grande parte da história e não só com o mocinho, mas com grande parte dos personagens. No fundo, eu acabei gostando bem mais de Darcy do que de Lizzie, apesar de que me diverti muito com as interações dos dois como casal.

Eu amo e admiro muito Orgulho e Preconceito, que é um dos meus livros favoritos. Acho incrível como a obra consegue trazer, ao mesmo tempo, uma trama divertida e fofa, que retrata bem, e critica, o modo de pensar e viver da época. É incrível observar a importância dos casamentos no período, como a vida das famílias abastadas praticamente giravam em torno disso, criando uma cultura de relacionamentos de conveniência – e muito, muito preconceito. É intrigante observar como, tanto as mulheres como os homens jovens se transformam em produtos e meios de ascensão social. Era a beleza e a docilidade das mulheres, e a riqueza dos homens, que os tornavam atraentes, e não a personalidade, o jeito de ser e pensar. E Austen critica tudo isso e mais de forma certeira e muito bem humorada. 


A EDIÇÃO

Eu sou simplesmente apaixonada por essa edição que tenho, que traz três livros em um: Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade e Persuasão. O livro é um luxo só, os detalhes em dourado da capa dura estão em alto-relevo e o interior tem alguns detalhes fofos, como ilustrações no início de cada obra e uma fitinha de cetim para marcar a página. A diagramação é simples e apesar de, como sempre, adorar as páginas cor de creme, achei o tamanho da fonte um pouco pequeno. A tradução também deixou a desejar em alguns momentos, mas nada que atrapalhe a leitura. Contudo, essa edição é bastante pesada, o que tornou alguns momentos, durante a leitura, bem desconfortáveis. 


CONCLUSÕES FINAIS

Orgulho e Preconceitoé um clássico que deve e merece ser lido. Ao mesmo tempo em que traz romances fofos, cheios de reviravoltas, a obra também nos delicia com uma narrativa irônica divertida e crítica, que retrata bem o modo de viver e de pensar da época, em especial as relações sociais e a questão do casamento. O grande número de personagens, todos bem desenvolvidos e com suas próprias trajetórias dentro do livro, tornam a leitura ainda mais cativante e rica. Por ser inspiração para muitos e muitos livros modernos, Orgulho e Preconceitoé leitura obrigatória para quem, como eu, ama romances, especialmente os de época. Mais que recomendado.


QUOTES FAVORITOS

“É verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro e muito rico precisa de esposa.” Pág. 237

“- Tentei lutar, mas em vão. Não consigo mais. Não posso reprimir meus sentimentos. A senhorita tem de me permitir dizer com quanto ardor eu a admiro e a amo.” - Darcy se declara a Lizzie, pela primeira vez - Pág. 349

“- Mas a minha loucura foi a vaidade, não o amor. Lisonjeada com as atenções de um e ofendida com o desdém do outro, logo que os conheci , adotei o preconceito e a ignorância e despedi a razão, quando tive de optar. Até agora, eu não me conhecia.” Pág. 361

Título: Orgulho e Preconceito
Título original: Pride and Prejudice
Autora: Jane Austen
Editora: Martin Claret
ISBN: 9788544000847
Ano: 2015
Páginas: 234

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