A HISTÓRIA
Lucinda Barrett viu as duas melhores amigas darem boas lições a dois dos maiores canalhas da sociedade... e acabarem se apaixonando por eles. Agora, chegou sua vez. Sendo a prática filha de um General, ela não espera amor no final dessa empreitada. Mas não ficaria surpresa se o seu aluno reformado acabasse a pedindo em casamento no final de tudo.
Lorde Geofrey é o alvo perfeito. Apesar de ser um belo herói de guerra, algo que ele não deixa ninguém esquecer, ele poderia aprender a ser gentil e outras coisinhas a mais. As amigas de Lucinda concordam plenamente com seu plano... mas a jovem acaba encontrando críticas em no lugar mais inesperado de todos.
Lucinda mal viu Robert Carroway falar desde que voltou profundamente ferido da guerra. Contudo, um dia ele revela não só que sabe das lições dela e acha que o aluno escolhido é um erro completo. A princípio, chocada não só por Robert ter notado e falado com ela, Lucinda ainda se surpreende ao perceber que ele é dono de um bom humor inusitado e inteligência afiada, assim como segredos sombrios.
Por três anos Robert viveu em um poço escuro, mal sabendo distinguir a vida da morte. As lembranças da guerra se repetem em sua mente e tornam as coisas mais simples, como manter uma conversa, ir a um baile ou simplesmente levantar da cama, verdadeiras missões impossíveis. Até que seu caminho se cruza com o de Lucinda.
Há três anos ele observa a beldade, cuja calma e leveza é simplesmente contagiante. Ao lado de Lucinda, Robert sente que pode voltar a viver novamente e se agarra a essa oportunidade com todas as suas forças. Assim, ele propõe um acordo: se Lucinda ajudá-lo, ele a ajudará a dar suas lições a Geofrey. Tudo o que Lucinda não quer fazer é sabotar o esforço de Robert de se reerguer, por isso aceita o acordo absurdo. Contudo, quando a amizade deles se torna algo a mais, ela se pergunta se não é ela quem acabará de coração partido.
A SÉRIE
Como Salvar Um Herói é o terceiro dos três volumes da série Lições no Amor (Lessons in Love), da Suzanne Enoch. As obras já tinham sido publicadas há alguns anos, em formato de banca, mas agora ganham nova versão e até novos títulos, em formato de livro, pela editora Harlequin.
No 1º volume, Como Se Vingar de Um Cretino, três amigas solteironas fazem um pacto: cada uma delas deve escolher um cavalheiro libertino ou sedutor para lhe dar uma lição sobre como tratar uma dama de forma honrada.
Em Como se Vingar de um Cretino, Georgiana decide disciplinar o visconde de Dare, seu inimigo de longa data. No 2º livro, Como Encantar Um Canalha, o marquês de St. Aubyn é escolhido por Evelyn para aprender uma lição e não destruir um orfanato no qual ela voluntaria. E, no último volume da trilogia, Como Salvar Um Herói, o irmão de Dare, o misterioso e calado Robert, se voluntaria para ajudar Lucinda em sua missão de dar uma lição a outro nobre.
Leia as resenhas dos outros volumes da série:
Os livros da série Lições no Amor são independentes, mas interligados não só entre eles, mas com outras sagas da autora. O irmão do meio do visconde de Dare, Bradshaw, é protagonista do livro Rules of an Engagement, da trilogia Adventurers' Club, ainda não publicada no Brasil. E a história do primo de Geogiana, Greydon Brakenridge, duque de Wycliffe, e sua esposa Emma, que já estão casados em Como se Vingar de um Cretino, é contada em A Matter of Scandal, livro 3 da trilogia With This Ring, também inédita no nosso país.
A NARRATIVA
Eu tinha altas expectativas para Como Salvar Um Herói. Mas, não me lembrando de quase nada dos livros anteriores, a leitura foi ainda mais gostosa do que eu esperava. A escrita de Suzanne Enoché leve e flui com naturalidade. Pouco descritiva, ela nos conquista com diálogos rápidos e afiados, além de engraçados.
A TRAMA
Como o livro anterior, Como Salvar Um Herói tem seus momentos de ação e drama épicos, dignos de um filme. Contudo, a história como um todo é muito mais verossímil nesse volume, ainda que igualmente cativante. Eu gostei que, diferente dos anteriores, dessa vez o par romântico não é o alvo das lições da mocinha. E, talvez por saber exatamente qual mocinho seria escolhido no fim, não me irritei pelo livro ter um triângulo amoroso, temática já desgastada no gênero de romances.
Com acontecimentos rápidos, divertidos e muito românticos, Como Salvar Um Herói ganha ainda um tom de mistério e ação no terço final da história. Contudo, a grande reviravolta é completamente previsível, mas não menos emocionante. Apesar de ser um romance de época leve, Como Salvar Um Herói ainda traz um retrato interessante e bastante realista do que é sofrer de Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Suzanne Enoch acertou em mostrar que a recuperação é lenta e depende muito do esforço da própria pessoa, assim como a paciência e apoio de familiares e amigos.
OS PERSONAGENS
Mais uma vez a autora nos entregou protagonistas apaixonantes e perfeitos um para o outro. Tendo tido vislumbres de ambos nos livros anteriores, foi bom conhecê-los a fundo nessa obra.
Lucinda é uma mulher inteligente e gentil, que sabe lidar bem com as pessoas e não as julga por sua dificuldade. Ela é uma personagem obviamente cativante e torci por ela do início ao fim, mas senti que faltava um pouco mais de personalidade. Lucinda vive para o pai e depois para Robert, falta a ela um sonho ou desejo que a tornasse mais empoderadora.
Já Robert é um anjo sem defeitos. Desde o primeiro volume havíamos percebido que ele escondia mais por trás da sua máscara silenciosa de dor e jeito rude. Como disse, a autora mostra bem como ele sofre com os traumas da guerra, mas também como se esforçou genuinamente para melhorar. Algo interessante também é que a trama, nem o próprio Robert, não usam seu frágil estado mental como desculpa para suas ações.
Pelo contrário, quando machuca os outros, mesmo sabendo que foi porque está mentalmente doente, ele se desculpa e tenta agir melhor em seguida. Enquanto Lucinda se mantém a mesma ao longo de Como Salvar Um Herói, Robert evolui bastante, uma jornada poderosa e emocionante de acompanhar. Os momentos sombrios que ele vive são de partir o coração, mas tornam seu final previsivelmente feliz anda mais gostoso e merecido.
Como os demais volumes da série, Como Salvar Um Herói possui um número considerável de personagens secundários, mas todos já retratados nos livros anteriores. Assim, é bom rever algumas personalidades e ter um vislumbre da vida após o casamento dos casais dos dois primeiros livros.
A EDIÇÃO
Como Salvar Um Herói segue o padrão dos livros anteriores, também publicados pela Harlequin. A tradução de Thalita Ubaé mais uma vez excelente, mas percebi alguns erros, como palavras faltando, no texto. A diagramação não traz nenhum detalhe especial, mas o tamanho das letras é bom e gostei da fonte usada. As páginas cor de creme são sempre bem-vindas.
Eu gosto da capa de Como Salvar Um Herói, mas não é a minha favorita da série (esse posto pertence a capa de Como Encantar Um Canalha). Por combinar com as capas dos livros anteriores, essa também apresenta um fundo escuro e a imagem de um homem em roupas de época. Contudo, as roupas do mocinho são escuras demais e se misturam ao fundo, deixando a capa, mesmo que bonita, não tão atrativa quanto a dos livros anteriores.
CONCLUSÕES FINAIS
Eu absolutamente amei Como Salvar Um Herói. A leitura é extremamente rápida e viciante. Com um casal protagonista fofo, um mocinho com uma incrível história de superação e pitadas de mistério e ação, a obra foi um encerramento perfeito para a trilogia Lições do Amor. O livro 1, Como Se Vingar de Um Cretino, continua sendo o meu favorito da série, mas Como Salvar Um Heróié uma leitura que vale muito a pena. A narrativa é leve e a a trama deliciosa. Qualquer amante de romance de época ou quem está começando no gênero com certeza vai amar ler a obra de Suzanne Enoch.
QUOTES FAVORITOS
“Elas tinham conseguido. Tinham ensinado suas lições e encontrado o amor. Para uma ideia que aflorara da frustração em um dia de chuva, tudo acabara bastante bem. Lucinda olhou novamente para Robert, que, com um sorriso, deu mais um beijo suave em seus lábios. A ideia das três amigas tinha se concretizado com muito êxito, concluiu ela.” pág. 319