Resenha: Graffiti Moon - Cath Crowley

Lucy só tem um desejo para sua última noite de ensino médio. Ela quer encontrar Sombra, o misterioso graffiteiro cujas obras colorem e encantam muros por toda a cidade. Lucy tem certeza que Sombra é como ela, sensível, apaixonando por arte e romântico. Na cabeça da garota, eles são o casal perfeito e ela está determinada a encontrá-lo.

Mas tudo que Ed não quer é que saibam que ele é o Sombra. Até porque ele tem maiores preocupações atualmente. Desempregado, com o aluguel perto de vencer e ainda de luto por seu amigo e mentor, Ed está prestes a cometer um crime. Ele pode ser um artista atormentado, mas não do jeito romântico que Lucy espera. 

Ed sabe que Lucy vai se decepcionar com Sombra como se decepciou com ele no passado. Os caminhos de Lucy e Ed se cruzam na noite que é o começo do resto da vida dela e o fim das esperanças dele. E com seu mundo prestes a ruir, Ed aceita ajudar Lucy a encontrar o Sombra. Será que ela vai perceber que ele já está na frente dela? E Ed será capaz de confiar em Lucy novamente?

Eu não sabia bem o que esperar de Graffiti Moon, mas fiquei vidrada logo nas primeiras páginas. Divertida e surpreendente, a trama se passa em uma noite só de desventuras de um grupo de jovens australianos. Festas selvagens, lanchonetes coloridas, parques perigosos e muitos muros pintados são os cenários da obra, que é como um filme jovem alucinante e viciante.

O que mais gostei em Graffiti Mooné sua realidade. Apesar de parecer um filme, o glamour da arte dos protagonistas não alcança suas vidas. Mais que problemas amorosos, eles enfrentam problemas pesados e reais: desemprego, dívidas, pais com problemas conjugais, dúvidas sobre o futuro e a faculdade, e mais.

Mas as angústias e dores dos jovens só nos fazem identificar mais com a história e tornam o apaixonar deles ainda mais doce. É incrível, em uma noite, acompanhar esses jovens enfrentado seus medos, se revelando uns para os outros e, claro, descobrindo o primeiro amor.

A trama é rápida e bem amarrada, além de inspiradora e poderosa tanto para jovens e quem, como eu, já deixou a adolescência para trás. Gostei bastante de como o livro mostra que não existe certo e errado na arte, do mesmo jeito que na vida não existe caminho perfeito, cada um pode escolher viver e mudar o mundo de forma diferente.

Os capítulos se alternam entre Lucy e Ed. Assim, com duas perspectivas diferentes, a narrativa em primeira pessoa se torna mais dinâmica. Conhecer dois lados distintos da mesma história aumenta ainda mais a tensão da leitura e o leitor fica ávido para saber se os protagonistas serão felizes ou não. 

A autora ainda conseguiu um feito difícil: usar linguagem jovial sem soar falsa, parece que é mesmo dois adolescentes, Lucy e Ed, que estão narrando a história. Contudo, Cath Crowley soube dosar bem expressões típicas dessa faixa etária, não deixando o livro datado (já que gírias mudam tão rápido) e nem confundindo leitores mais velhos.

Cath Crowley ainda acertou nas descrições, limitando-as especialmente aos muros de Ed, assim colorindo a leitura e a mente do leitor com bela arte.

Graffiti Moon apresenta personagens que de fato parecem ter a idade que têm, mas que são atemporais, com angústias, questões, medos e desejos que jovens de qualquer época possuem. Os seis amigos que protagonizam a noite de loucura de Graffiti Moon têm personalidades e papel na trama bem desenvolvidos. 

Amei Jazz e Daisy, melhores amigas de Lucy, jovens mulheres decididas e sonhadoras. Os amigos de Ed também são cativantes, especialmente Leo, seu parceiro de graffite e um poeta de mão cheia. Mas os personagens mais bem desenvolvidos de todos são Ed e Lucy. 

Ele é um graffiteiro talentoso, um filho dedicado e amigo fiel, mas sem esperanças para o futuro. Achei muito interessante a autora abordar a dificuldade de Ed com a escola, que vai além de ser um garoto-problema. Já Lucy se dá bem com os estudos, mas sofre constantemente porque o mundo não é tão romântico e legal quanto ela gostaria. Sonhadora, Lucy quer viver um grande amor, por isso está abalada com a possibilidade dos pais, seus modelos, se divorciarem.

Tanto Ed quanto Lucy amadurecem bastante ao longo do livro. Ele aprende que há outros caminhos para o sucesso e que está tudo bem em revelar suas fraquezas e pedir ajuda. Já Lucy percebe que o mundo não é preto e branco e, para viver as belezas da vida, temos que viver as partes feias também.

Esta edição de Graffiti Moon apresenta uma excelente tradução. Imagino que o original tenha alguns termos ou vícios de linguagem do inglês australiano, mas o resultado final está perfeitamente compreensível e sem erros. A fonte usada, assim como o tamanho, são bons. O texto é bem espaçado, o que com as páginas cor de creme, ajudam a deixar a leitura menos cansativa. 

Eu amo as ilustrações da capa e primeiras páginas de Graffiti Moon, combinam perfeitamente com uma obra jovem sobre romance em meio ao graffite. Só gostaria que tivessem ilustrações das obras do Sombra ao longo das páginas, seria excelente ver as tão belamente descritas imagens.

Graffiti Mooné um romance arrebatador. Mais que uma história de amor adolescente, encontramos aqui um drama sobre primeiros amores e decepções, futuros incertos e medos que angustiam algumas pessoas tão jovens. Além disso, é um livro banhando em arte e que nos intriga com detalhes sobre graffiti e arte em vidro. 

Realista, a narrativa também é engraçada e rápida de ler. Os personagens são fofos, cheios de personalidade e humanos, com quais nos identificamos com facilidade. Eu amei Graffiti Moon da primeira a última página, me emocionando bastante a cada capítulo. É uma leitura excelente, que já estou com vontade de repetir e que recomendo bastante.

Título: Graffiti Moon

Autora: Cath Crowley

Editora: Valentina

ISBN: 9788565859226

Ano: 2014

Páginas: 240

*O exemplar lido foi uma cortesia da Editora Valentina

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